Mogi das Cruzes completa 450 anos e nenhuma política pública aos LGBT's.

A dois meses atrás escrevi o artigo abaixo, que foi públicado pelo jornal O DIÁRIO DE MOGI, que critica o Poder Público de não criar ou avançar em políticas públicas direcionadas aos cidadãos e cidadãs LGBT (lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais e Transgeneros), sei que uma parcela de culpa dessa não-efetivação de direitos cívis é do próprio público lgbt de Mogi, que ainda não se organiza, não denuncia, não coloca a cara pra bater.

Eu não me coloco acima de ninquém, estou em um combate numa guerra que é de todos, a guerra contra a discriminação homofóbica. A nossa cidade realiza no 1º dia do mês de Setembro 450 anos, de uma história onde as pessoas de orientação sexual não-heterossexual foram colocadas em segundo plano, mas agora é a nossa vez, vamos construir uma nova história em Mogi das Cruzes, uma história de conquistas de direitos iguais, nem mais e nem menos.


Boa reflezão:


‘450 anos sem Arco-Íris’

Por Gustavo Don

Desde o ano de 1560 quando Mogi das Cruzes iniciou-se como um povoado, servindo como um ponto de repouso aos bandeirantes e exploradores de São Paulo, até ao ano atual onde nossa querida cidade completa 450 anos com aproximadamente 400 mil habitantes e considerada a maior cidade do Alto Tiête e a maior cidade em área de toda Grande São Paulo, nunca em toda sua história social, política ou cultural os cidadãos e cidadãs LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Travestis e Transgêneros) tiveram sua cidadania garantida pelo poder público municipal, ou tiveram liberdade para expressar suas sexualidades sem repressão ou homofobia.

É muito notório o conservadorismo em nossa cidade, e isso dificulta cada vez mais o progresso da sociedade na questão da diversidade sexual e respeito aos lgbt. É visível também a expressiva cultura lgbt presente em nossa cidade e não podemos fingir que ela não existe, sabemos que pessoas que amam pessoas do mesmo sexo vivem em nossa cidade, pagam os mesmos impostos, trabalham, estudam e tem família e não merecem ser tratados como "bandidos" ou algo "negativo" para a nossa sociedade, ou seja, de forma discriminatória por causa de uma característica natural do ser humano.

O que me espanta é a negligência do poder público municipal em não criar políticas públicas que possam garantir por completo a liberdade dessa parcela da sociedade que esta sofrendo discriminação por causa da orientação sexual não-heterossexual, ou até mesmo se auto-reprimindo por medo de assumir seus desejos e sentimentos afetivos e muitas vezes fingindo ser alguém que não é para representar um papel público que atualmente é muito cobrado em uma sociedade “heteronormativa”, e assim vivendo uma vida frustrada e infeliz. Infelismente, a não auto-aceitação ou a homofobia é o motivo de suicídio da maioria dos jovens lgbt, segundo pesquisas em vários países inclusive no Brasil.

450 anos já é o bastante para que a nossa sociedade tenha um novo olhar para essa população excluída, e sem preconceitos possa acolher de braços abertos e podendo assim pessoas LGBT mogianos e mogianas possam sentir-se livres para viver como são sem medo de serem felizes.

Acredito que a partir do momento que as pessoas se desprenderem do machismo, da intolerância e do conservadorismo, reprimindo seus sentimentos homofóbicos e educar-se, vamos construir um ambiente social que respeita as diversas diferenças sexuais existentes em nossa cidade e garantir o Artigo I da Declaração Mundial dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.". O mundo esta mudando e a nossa cidade precisa acompanhar, para não ficar perdida no tempo e ser esmagada pela diversidade humana.

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