Ator Rodrigo Andrade de "Amor à Vida" publica imagem transfóbica no Facebook


Mesmo após participar de uma campanha de combate a homofobia da Secretaria de Direitos Humanos, o ator Rodrigo Andrade, que interpreta o personagem Daniel em "Amor à Vida", ainda não aprendeu o que é o respeito a diversidade sexual. No dia 17 de Janeiro, o ator publicou em sua página oficial no Facebook uma imagem que mostra etapas da transformação de um homem em uma mulher trans*, através da maquiagem e logo abaixo a frase "Cuidado! Carnaval esta chegando!", indicando um possível "perigo" em relação as pessoas trans* durante o Carnaval. A publicação já tem mais de 11 mil compartilhamentos.

"Fico triste em ver tanta gente propagando essa e outras imagens como se fosse algo normal. Além de respeito, falta a população um pouco mais de empatia, de se por no lugar de quem é discriminado. Todo ano a mesma palhaçada!" opinou Sean Anderson na denúncia publicada pela ativista Daniela Andrade em seu perfil.

A publicação despertou a indignação em diversas pessoas que consideraram uma atitude que promove a discriminação contra as pessoas trans*, o ator chega até a responder alguns comentários concordando com a imagem, como se fosse algo "engraçado".

"Não esperava isso de você, ridículo, de mau gosto, desnecessário... E assim se propaga a homofobia, a transfobia e a lesbofobia.... Decepcionada!!!" comentário de Bárbara Aires, com mais de 60 curtidas, na publicação do ator.

Até o momento o ator Rodrigo Andrade não se pronunciou e não exclui a postagem de sua página oficial.

Confira a publicação e aproveite para deixar seu comentário e denunciar a postagem como conteúdo discriminatório, clique aqui.

OPINIÃO - Por Daniela Andrade, militante trans

"E o que sempre vejo: a pessoa nunca leu UMA LINHA sobre identidade de gênero. Reproduz o senso comum de que somos outro tipo de gay ou lésbica, e se acha mais do que no direito de dar sua opinião completamente errada.

Ademais, também se acha muito apta a identificar transfobia - geralmente, acham que a transfobia nunca acontece OU acontece quando quem não é trans* permitir que a pessoa trans* aponte que está acontecendo.

O cidadão vem dizer que é exagerado dizer que o ator global foi transfóbico publicando a imagem que diz que no Carnaval é preciso que (os homens cis) tenham cuidado, afinal, nós mulheres trans* (travestis e transexuais) podemos enganá-los.

O cidadão acha que é mero humor e que ele próprio republicou isso e que muita gente tem republicado e então, não poderíamos culpar o ator global. E que o cara (homem hétero cis) tem o direito de ficar só com mulheres (sic), se ele não quer ficar com trans e travestis (sic).

O cidadão faz o que a maioria arrasadora das pessoas cis fazem quando nós, pessoas trans*, alertamos que algo é transfóbico.

Em resumo, é preciso dizer que quem decide se uma pessoa está agindo com transfobia não é a própria pessoa, e sim nós, pessoas trans* que sofremos transfobia cotidianamente e estamos expostas à violência o tempo todo. Quem sofre a transfobia e a transmisoginia na pele somos nós, mulheres trans*, logo, somos nós que estamos mais do que aptas para identificar transfobia.

Exagerada não é nossa crítica, exagerada é a transfobia, é a discriminação, é essa ridicularização eterna usando da nossa identidade, mulheres transexuais e travestis, como se para isso é que existíssemos.

Assim como não é o branco que ensina para o negro quando ele está sendo discriminado e quando o racismo está ocorrendo, não é a pessoa cis que vai nos ensinar quando há e quando não há transfobia, decididamente, republicar essa imagem transfóbica, só pode significar que a pessoa está sendo transfóbica.

Outra coisa, EU SOU MULHER, uma mulher transexual. Logo, se um cara ficar comigo, bêbado ou lúcido, ele ficou com uma mulher, não foi enganado. É bom revisar os conceitos sobre transgeneridade e identidade de gênero, pois essa conceituação que diz que de um lado estão as mulheres e do outro as trans* está errada.

Ademais, sou uma mulher transexual e heterossexual pois, ser transexual diz respeito à identidade de gênero E NÃO à orientação sexual. Ou seja, eu sou uma mulher hétero que pode ficar livremente com homens héteros - sejam eles homens héteros cis ou trans*.

É discriminação, é transfobia ridicularizar mulheres trans* como esse post se presta a fazer. Depois, homens héteros NÃO PRECISAM ser alertados de nada, pois se eles ficaram com uma mulher trans*, eles não deixaram de ser homens héteros - pois veja, ainda que sejamos trans*, CONTINUAMOS a ser mulheres. A imagem diz que somos farsantes, fingimos ser o que não somos - e essa preconização velha conhecida nossa, só serve para nos desumanizar e nos marginalizar.

E ninguém pode se isentar da própria culpa de ser transfóbico jogando a culpa nas costas dos outros. Não é por que fulano é transfóbico, não é por que o Brasil inteiro age com transfobia que automaticamente está liberado eu agir assim também. 

Vamos cuidar cada um da nossa parte de exterminar com o preconceito, e vamos OUVIR as pessoas trans*, que são as diretamente atingidas pela transfobia, ao invés de papagaiarmos senso comum."




Comentários

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  2. enquanto houver gente que afirma que isso não foi preconceito.....fica difícil!

    ResponderExcluir
  3. Bom, agora o hetero se nao quiser ficar com uma mulher trans é preconceito?

    ResponderExcluir

Postar um comentário