Celso Portiolli define mulher transexual como uma "mulher de mentira" no Domingo Legal.



O programa Domingo Legal (SBT) deste domingo, comandado pelo apresentador Celso Portiolli, foi alvo de reclamações nas redes sociais, por conta do quadro onde o convidado do programa diante a algumas mulheres, deveria descobrir qual delas seria a "mulher de verdade" como foi definido pelo próprio apresentador por diversas vezes durante o quadro, pois apenas uma delas não seria uma mulher transexual, ao estilo "Programa do Ratinho".

"Minha mãe assiste [o programa], eu tinha saído do banho e tava me trocando quando ouvi os comentários, saí puta do quarto e expliquei pra minha mãe o tamanho do absurdo." escreveu Vanessa pelo Facebook.

O convidado deste domingo, era nada mais e nada menos que Agnaldo Timóteo, o mesmo que alguns meses atrás chamou de "viados" os personagens gays de novelas no programa Superpop, que já fez declarações públicas contra o casamento civil igualitário, entre outras situações que podem o definir como um homofóbico de primeira, mesmo com boatos sobre sua suposta homossexualidade.

Por diversas vezes, tanto o convidado do programa quanto o próprio apresentador, fizeram comentários ofensivos a população trans, propagando ainda mais a transfobia pelo país.

"Fiquei chocada. Se referiam as garotas como "portadoras de segredinhos", como "meninos", separando-as da que era "mulher de verdade" e rindo-se da dificuldade em distinguir essa "mulher de verdade" das trans." escreveu Evelyn no Facebook.

Mulheres transexuais nasceram mulheres e são mulheres de verdade, a única diferença é a sua identidade de gênero. As cenas que foram exibidas pelo programa, são lamentáveis e deixaram muitas pessoas inconformadas, pois até o momento o apresentador Celso Portiolli não havia se expressado de forma discriminatória contra a população LGBT.

No estado de São Paulo, existe a Lei Estadual 10.948/01 que protege as pessoas trans da transfobia e também aqueles que forem vítimas de discriminação em razão da sua orientação sexual, as pessoas que se sentiram constrangidas ou ofendidas com a veiculação deste conteúdo pelo SBT, podem enviar e-mail para diversidadesexual@sp.gov.br pedindo para que a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual entre com denúncia com base na lei 10.948/01.

"Em relação ao quadro do SBT (que não assisti) em que mulheres trans* e mulheres cis são colocadas lado a lado para Agnaldo Timóteo dizer quem é a "mulher de verdade", o que de forma muito transparente se trata de cissexismo e transfobia, ou seja, discriminação e preconceito contra mulheres trans* em função de suas identidades de gênero; eu só queria lembrar de uma coisa, não é por que alguém pertencente a um grupo oprimido está de livre e espontânea vontade em um programa televisivo em que não só estão ridicularizando essa pessoa, mas todo o grupo ao qual ela pertence - ou sei lá se é isso, se a pessoa não precisa do dinheiro, se ela tem noção de que forma as opressões se hierarquizam, se ela tem consciência política e auto-estima, ou seja, diversos fatores aí - que qualquer pessoa do grupo oprimido e qualquer aliado dessas pessoas não podem se ofender e protestar ou mesmo tomar as ações judiciais cabíveis. E não há justificativas para o preconceito exibido pela mídia." - Opinião da Daniela Andrade.

As cenas que foram ao ar neste domingo, você confere no vídeo abaixo (aos 14:30 minutos):

O Brasil precisa aprovar urgentemente a Lei de Identidade de Gênero, João W. Nery!

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