Mesmo com toda rejeição envolvendo os Deputados Tiririca (PR) e Pastor Marco Feliciano (PSC), uma parcela significativa da cidade de Mogi das Cruzes/SP preferiu votar nestes para ocupar uma cadeira na Câmara Federal.
No ano passado, após assumir a Presidência da Comissão de Direitos Humanos, o Dep. Pastor Marcos Feliciano (PSC) teve repercussão nacional e internacional, devido a suas posições consideradas homofóbicas, racistas e machistas.
Em março do ano passado, disse pelo Twitter que africanos "descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé" e afirmou que gays têm "podridão de sentimentos" que, segundo ele, "levam ao ódio, ao crime e à rejeição".
Também chegou a dizer que as mulheres não poderiam ter os mesmos direitos que os homens, que católicos adoram a "satanás" e têm corpo ‘entregue à prostituição’, que Deus matou John Lennon e Mamonas Assassinas.
Tais declarações que vieram a público, levantaram a reação de milhares de pessoas no país, principalmente militantes do Movimento LGBT, Negro e Mulheres, que não concordavam com a nomeação do deputado para ocupar um cargo de presidência em uma comissão sobre "Direitos Humanos e Minorias".
Manifestações foram realizadas em diversas cidades do Brasil e no exterior, que duraram meses, mobilizando até celebridades e personalidades que manifestaram repúdio ao Deputado, inclusive campanhas virtuais foram criadas, como a "Feliciano não me representa" e "Beijos para Feliciano" que provocavam a interação de milhares de pessoas através de fotos de manifestação de repúdio ao deputado.
Foi também durante a sua presidência na Comissão de Direitos Humanos, que o PDC 234/11, conhecido por "Cura Gay" foi aprovado, causando ainda mais revolta, que foi expressa nos protestos de Junho, fazendo com que o projeto fosse retirado pelo seu autor.
Toda essa repercussão negativa não foi suficiente para as 4.094 pessoas de Mogi das Cruzes/SP que votaram e ajudaram a reeleger o Deputado, a votação expressiva também aconteceu em diversas outras cidades fazendo com que o candidato fosse reeleito com mais de 390 mil votos no Estado, o 3º mais votado.
Luciana Genro candidata a Presidência pelo PSOL, que defendeu arduamente os direitos da população LGBT nestas eleições, disse a Folha de S.Paulo que o poder econômico torna o processo eleitoral desequilibrado. "Essas pessoas têm um poder econômico muito forte, que desequilibra a balança eleitoral e, definitivamente, não representam a maior parcela da população."
Tiririca (PR), assim como o Pastor Feliciano, também conquistou uma votação expressiva nesta eleição, repetindo o efeito da eleição de 2010, apenas em Mogi das Cruzes/SP foram 9.183 pessoas que depositaram o seu voto no "palhaço", contribuindo com o 1 milhão de votos.
As propagandas políticas do Tiririca repercutiram internacionalmente, o canal internacional CNN fez piada com as eleições no Brasil, mostrando os candidatos cômicos dando destaque ao Deputado.
Devido a votação expressiva em 2010 com mais de 1 milhão de votos, a estratégia dos partidos políticos em candidatar famosos que não tenham afinidade com a política, ganhou o nome de "Efeito Tiririca" que tem como objetivo "puxar votos" e eleger mais candidatos do Partido através da eleição proporcional, sistema de eleição para cargos de deputado federal, estadual e vereadores.
Será que ainda resta alguma esperança nas pessoas que votaram de que tais candidatos atuem na política de forma expressiva, em beneficio de toda a sociedade, sem discriminações e preconceitos?
Ou essas pessoas representam os pensamentos desses candidatos?
Seria Feliciano o novo "Tiririca"?
Precisamos da tão aguardada reforma política, e que venha urgentemente antes das próximas eleições em 2016, para contribuir na eleição de bons candidatos e candidatas.
Assim como também políticas de combate à homofobia, transfobia e a criminalização, equiparando ao crime de racismo.
Comentários
Postar um comentário