Globo muda programação e troca romance gay por comédia homofóbica

Durou menos de 24 horas a publicação (aqui e aqui) com mais de 14 mil curtidas e 4 mil compartilhamentos da página oficial do filme "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" sobre a exibição da trama na madrugada deste sábado, na Globo. A emissora decidiu modificar a sua programação e não pronunciou uma nova data para a exibição do filme.

No filme, que foi premiado em 94 festivais internacionais de cinema, Leonardo (Guilherme Lobo), um adolescente cego, tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo em que busca sua independência. Quando Gabriel (Fabio Audi) chega na cidade, novos sentimentos começam a surgir em Leonardo, fazendo com que ele descubra mais sobre si mesmo e sua sexualidade.

A felicidade dos internautas pela exibição de um filme nacional premiado e que conta uma história emocionante durou muito pouco. Pois a Globo, decidiu substituir o filme pela comédia "Casa da Mãe Joana 2", produzido pela própria emissora. Neste, um dos personagens centrais do filme, é o fantasma gay Zazie, e diante da aparição os demais personagens do filme agem de forma homofóbica, referindo-se ao fantasma como "bibinha", "viado", "bicha" e entre outros termos preconceituosos.

Na minha opinião, para a emissora há o interesse maior em retratar o gay de forma humorada se sujeitando a homofobia, do que a história de amor entre dois jovens gays que superam o preconceito. Se confirma ainda mais, através desta atitude da Globo, a intenção de manipular o senso comum em desfavor da população LGBT, fortalecendo uma cultura de preconceitos e discriminações.

Por ser uma concessão pública, devemos cobrar respeito da emissora em retratar as nossas vivências e realidades de forma séria, sem discriminações e promoções de esteriótipos. Não podemos tolerar ofensas homofóbicas ou LGBTfóbicas sendo exibidas deliberadamente em uma televisão!

Confira a crítica sobre o filme "Casa da Mãe Joana 2" escrito por Natália Bridi, do site Omelete, especializado em filmes:

"(...)Tentar explicar Casa da Mãe Joana 2, porém, é um exercício de falácia. Há tantos elementos bizarros e desconexos - de maratonas de maconha à aparições da nobreza francesa - que a única reação possível ao final da sessão é o silêncio: “O que foi isso que eu acabei de ver?”. O mote continua a ser o hedonismo, mas o desgaste dos anos transforma o filme em um corpo estranho, onde referências sofisticadas a Sam Peckinpah (Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, 1974), Louis Malle (Zazie no Metrô, 1960) e Federico Fellini (E la Nave Va, 1983) se misturam a piadas banais sobre gays, gordas e pirocas."